domingo, 15 de novembro de 2009

Avaliar para mudar - Filipenses – 1.9 - 11

Mudança sim, mas de que tipo?

De vez em quando, a Raquel, aqui em casa acorda e faz a seguinte declaração: "Vamos fazer umas mudanças nesta casa, me ajudem a mover estes móveis." Isto significava que o sofá mudava de lugar, o armário ia para outro lado, a mesa da sala saía do centro para um canto, enfim, é uma "revolução" na disposição dos móveis. Hoje, de vez em quando, as famílias fazem isso. Mas nós sabemos que isso não é mudança, pois a vida dos membros da família segue do mesmo modo, não muda a vida de ninguém, os problemas de relacionamento continuam, os segredos e pecados que enfermam continuam lá, nada mudou.

Nossa avaliação, a começar na igreja local, não pode ser: trocar coordenadores de ministério, mudar a data dos cultos de terça para quinta. Precisamos de uma avaliação, onde o Espírito Santo presida sobre nós e mostre o que há em nosso interior. "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno." (Sl 139.23-24).

Como demonstra a Palavra, e Deus pelo seu Espírito Santo, que nos tira de nossa comodidade, e de velhas e novas práticas infrutíferas, e nos põe nos caminhos da benção e aprovação de Deus, sair do que nos parece bom, para o que é ótimo, porque vem do coração de Deus. Vejamos como isso acontece na vida do discípulo(a), e da igreja.

2.Do quebrantamento – arrependimento à vida abençoada e frutífera

O pastor James Mac Donald reparte uma experiência pessoal na qual diz: "Em determinada época da minha vida, tive um sonho que Deus usou para falar comigo. Eu estava passando por um período muito árido espiritualmente. Começava a orar por algo e logo mais parecia estar mendigando do que orando. Tome muito cuidado com mendigar a Deus por coisas, porque passa a idéia de que precisa mais daquela coisa do que dele. É como se estivesse dizendo: "Tu não és suficiente para mim, Senhor, preciso daquilo."

Irmãos e irmãs, em primeiro lugar, nós precisamos é de Deus: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mt 6.33). "Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente." (Sl 16.11). Consideremos os passos para alcançar no processo de avaliação um resultado que dê início a um crescimento abundante, frutífero, digno do nosso Deus. Os passos seguintes são motivados e adaptados de um artigo do Pr. J. Mac Donald.

Deus no trono: um quadro de santidade e poder.

"No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória." (Is 6.1-3).

Sempre que falo sobre este texto, recordo que aí está o início do ministério profético de Isaías, pois ali estão três coisas decisivas: 1) Estar perante o trono e face de Deus. 2) Confessar-lhe nosso pecado.

3.Receber de Deus um chamado e atendê-lo.

Nós todos precisamos ter uma visão de Deus elevado e exaltado, pois ela nos impacta, nos confronta, nos atrai. Moisés sentiu-se atraído, Abraão, ao ouvir Deus, deixou tudo para atendê-lo. Deus é glória e poder. É fogo consumidor (cf. Hb 12.29). Deus é Santo! É isto que os anjos declaravam: "Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos..." Não podemos perder a visão deste Deus, vivo, santo e poderoso." Esta visão nos faz tementes a Deus, nos dá direção e poder. Sem a visão, somos como o vale de ossos secos, perdemos a sua presença, seu fogo consumidor. "Deus está no seu santo trono, Deus reina sobre as nações." (Sl 47.8). Precisamos voltar a ver Deus no trono, em oração e comunhão.

Pecado no espelho: um quadro de quebrantamento.

Na igreja, hoje, vemos pecado em vários irmãos e irmãs, vemos também nos jornais, na família, na vizinhança, menos no espelho, quando estamos olhando para nós mesmos. A maioria dos cristãos é muito deficiente quando se trata de enxergar seus próprios pecados. Muitos carregam consigo os mesmos pecados por anos. São doentes espiritualmente e doentes fisicamente. Porque o pecado adoece. "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio." (Sl 32.3-4).

No discipulado, no grupo pequeno, o Espírito vai nos tornando "um só coração, uma só alma", mostra nossos pecados, ali, somos amparados, nossa visão de Deus é renovada, e traçamos alvos de vitória sobre o pecado, com vista a uma vida santa.

O nosso ego na lama: buscando o arrependimento.

Todos queremos ser reconhecidos em nossos dons, nas nossas realizações. Quase todos os conflitos na vida da igreja são egos colidindo uns com os outros, é vaidade, orgulho, e a necessidade determinada pelo diabo e o mundo de estar por cima de nossos irmãos. Devemos reconhecer que esta realidade está mais presente na Igreja do que desejaríamos.

É preciso restabelecer a lição de Jesus Cristo (Fp 2.5-8). Quantos estamos dispostos a descer, a nos humilhar, diante de Deus, diante da igreja? Por isso nossa celebração é muita festa, muita euforia, e pouco choro e lamento pelo pecado. Nossos apelos aos pecadores são destituídos de convicção e poder, por isso não há tantas conversões como na igreja primitiva, ou nos tempos de Wesley. Até quanto temos sido quebrantados, humildes e servos uns dos outros?

Jesus Cristo na cruz: um quadro de graça.

A graça só é impressionante quando é vista como o remédio para um problema reconhecido para uma doença mortal chamada pecado. Mas, irmãos e irmãs, quando você vê o seu pecado no espelho e o ego na lama, sua vida sendo corroída e condenada pelo pecado, a graça se torna incrivelmente maravilhosa.

Saímos da comunhão com o pecado para a comunhão com Deus, por sua maravilhosa graça: "Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas, onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor." (Rm 5.20-21).

Dietrich Bonhoeffer diz com outras palavras a mesma coisa que Paulo: "Quando, por intermédio do Seu servo, Martinho Lutero, na Reforma, Deus avivou uma vez mais o evangelho da graça pura e preciosa, Ele fez com que Lutero passasse primeiro pelo convento. Lutero foi frade. Abandonara tudo e desejava seguir a Cristo em perfeita obediência. Renunciou ao mundo e dedicou-se à obra cristã. Aprendeu a obediência a Cristo e Sua Igreja, pois sabia que só o obediente é que pode crer. A vocação conventual custou a Lutero toda a consagração da sua vida. No seu caminho, Lutero chocou-se com o próprio Deus, que lhe mostrou através das Escrituras que o discipulado de Jesus não era a meritória realização de alguns, mas, sim, um mandamento divino para todos os cristãos. O trabalho humilde do discipulado convertera-se, no monasticismo, numa realização meritória dos santos. A auto-renúncia do discípulo revelou-se nele como a derradeira presunção espiritual dos justos. Foi assim que o mundo penetrou no seio da vida monástica e se mostrou novamente ativo, de forma extremamente perigosa. Na pretensa fuga do mundo, descortinava-se, afinal, o mais refinado amor desse mesmo mundo. Nesse despedaçar da última possibilidade de uma vida piedosa, Lutero compreendeu a graça. Viu no colapso do mundo monástico a mão salvadora de Deus estendida em Cristo. A ela se agarrou, certo de que "os nossos esforços são baldados, mesmo na mais santa vida."Foi a graça preciosa, essa que lhe foi dada, e que lhe despedaçou toda a existência. Teve de largar uma vez mais as suas redes e seguir o Mestre. Da primeira vez, quando fora para o convento, abandonara tudo – mas não a si próprio nem ao seu piedoso "eu." Desta vez, até isso lhe foi tirado. Não seguiu o Mestre por mérito próprio, mas, sim, pela graça de Deus." Não esqueçamos: não há graça fora de Jesus.

O Espírito no controle: uma experiência de poder.

Quando penso na restauração da graça e do Espírito da Graça: o Espírito Santo. Primeiro não há acesso a ele sem quebrantamento, humildade e apropriação da graça do perdão e da nova vida em Cristo.

A ilustração bíblica mais forte sobre o poder avassalador do fogo e poder do Espírito, encontro na visão e experiência de Ezequiel com o vale dos ossos secos. O Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo, hoje, são este vale de ossos secos. Quem vai profetizar conforme Deus mandou a Ezequiel: "Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR. Então, profetizei segundo me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso" (Ez 37.4,7). Ou, como Deus, através de Jesus, mandou a nós. "E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados." (Mc 16.15-18).

O que vai acontecer a nossa volta? Oséias ensina com sua profecia: "Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque Ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra." (Os 6.1-3).

Queremos ver graça, poder e frutos, atendei hoje ao que o Senhor nos fala. Amém, Amém, Amém.

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